Por: Katia Muniz cronicaskatia@live.com
Entre eles não foi amor à primeira vista, mas houve um entendimento no olhar. A paixão se deu depois. Foi chegando aos poucos, à medida que eles iam se revelando por dentro.
Não demorou para perceberem que a vida passou a ter outro gosto e outro sentido. Que os momentos que passavam juntos eram os mais importantes do dia. Seguiram, naturalmente, o script tão cobrado pela sociedade: namoraram, noivaram, casaram. Entenderam que casamento é uma avaliação diária do amor.
É no coabitar que há a possibilidade de se mostrar por inteiro. É na convivência que as máscaras são derrubadas.
Casamento desnuda os pares, escancara a essência, expõe o lado A e o lado B do caráter, diz quem cada um é. As alianças são meramente símbolos da união. O dia a dia é a confirmação da existência dela. Engana-se quem pensa que só amor sustenta um relacionamento.
É preciso mais, muito mais. Uma lista infindável de outros sentimentos que precisam andar em harmonia, fazer sentido, dar às mãos. A rotina massacra. A vontade de seguir adiante os ergue. As contas chegam. O dinheiro vai embora. Tudo parece perdido. Acende-se uma luz. A paixão se vai, debanda, desaparece, desapega.
Fica o que tem que ficar: amor. Amor sem sufocamentos. Amor sem exageros. Amor na medida. Amor em equilíbrio. Amor com entendimento para saber a hora de avançar e de recuar. Amor com ventilação. Amor com adjetivos. Os anos avançam e eles ainda se entendem exatamente como começaram: com um simples olhar.